Entre Dois Planos

Vejamos a seguir os dois primeiros capítulos do livro “Entre Dois Planos”:

Capítulo 1 - Uma descoberta maravilhosa

Helsey sentiu seu coração bater mais forte. Pela primeira vez na vida ele experimentou essa forma de assombro até então desconhecida.

— Mas o que é isso?! — foi tudo que ele conseguiu falar por algum tempo.

— O que é isso?! — repetiu várias vezes.

Aquilo o estava deixando maluco. Ver um objeto desaparecer e reaparecer na sua frente era demais para a sua mente lógica.

Helsey era um rapaz de estatura média, mas com uma boa compleição física e porte imponente. A expressão do seu rosto denotava sinceridade e seus olhos penetrantes irradiavam vivacidade e astúcia.

Mesmo tendo sido um aluno brilhante, Helsey deixou os estudos após concluir o segundo grau. Passou então a fazer pequenas experiências em sua própria casa, a princípio com elementos químicos e, posteriormente, quando viu que não fizera algum progresso significativo nesse campo, passou a examinar com voracidade as leis da física.

Filho único, ele vivia sozinho em uma casa de quatro cômodos, mais que suficientes para as suas necessidades. A casa, que apesar de pequena era muito bem construída e aconchegante, era herança de seus pais, que faleceram num acidente automobilístico quando ele tinha quinze anos.

Helsey estava extremamente agitado. Depois de ir até a cozinha e beber um pouco de água, ele conseguiu colocar as idéias no lugar e disse para si mesmo, totalmente atônito e fascinado:

— Surpreendente! Maravilhoso! Está nascendo um mundo novo! De hoje em diante o planeta Terra não será mais o mesmo!

Não vou descrever tudo que Helsey fez a seguir, vou me limitar a dizer apenas que ele se deitou no chão, rolou, chorou, gritou, correu para o quintal, tropeçou no batente, voltou saltitando para dentro da casa e, finalmente, pediu a ajuda de Deus para não morrer de emoção.

E não era para menos. Ali estava, diante de seus olhos, um pequeno objeto redondo de não mais que dez centímetros de diâmetro, parado no ar, sumindo e reaparecendo em espaços de tempo simétricos de cinco segundos.

Após girar um pequeno botão arredondado e fino — tirado de uma televisão antiga e encaixado num curioso aparelho que estava no chão — o objeto começou a cair, mas foi habilmente seguro pelas mãos de Helsey.

Ele foi até a janela da sala e olhou para os céus. Ficou assim parado por alguns minutos, contemplando as estrelas com cara de bobo. Às vezes Helsey sorria, às vezes parecia chorar, às vezes pronunciava palavras desconexas, parecendo estar em transe.

As experiências tinham superado suas expectativas e o objetivo inicial, a ponto de haver se descortinado diante de seus olhos uma nova ramificação das leis da física, até então desconhecida e que agora abria novos campos de estudo.

Helsey custou a perceber que o telefone estava tocando. Caminhou até a sala com passos robóticos e olhar distante.

Era Marlon, seu único amigo.

Capítulo 2 - Uma experiência extraordinária

Helsey não havia conseguido se expressar bem no telefone e isso deixou Marlon preocupado. 

O que estaria acontecendo? Aquele homem tão sensato, que sempre tinha palavras inteligentes e coerentes na ponta da língua, estava falando como uma criança que ganhou um lindo brinquedo. 

Mas uma coisa era certa: ele precisava ir para lá imediatamente.

Marlon era um pouco mais alto que Helsey e também mais corpulento. Havia algo de doentio em suas feições e suas maneiras denotavam certo desequilíbrio emocional. Mas os dois sempre foram muito amigos e até então nunca haviam se desentendido.

Marlon mal havia colocado os pés na sala e Helsey já começou a falar com entusiasmo:

— Meu caro amigo, aconteceu algo sensacional, você vai testemunhar um fato inusitado sobre a face da terra.

‘Você sabe que eu nunca concordei com os modelos atômicos de Dalton, Thomson, Rutherford e Bohr. Para mim os átomos não são partículas materiais com qualidades matemáticas específicas e não podem ser explicados com as palavras que possuímos atualmente.

— Sim, você sempre falou isso — concordou Marlon.

Helsey continuou:

— Entendo que o átomo possui uma porta entre diferentes camadas da matéria, onde cada elemento é formado pelas modificações de sua estrutura interna.

‘Quando se fala em número atômico, é possível compreender as diferenças entre os elementos, mas acredito que o que existe no interior de cada partícula que compõe o átomo, como os prótons, nêutrons, elétrons, quarks, pentaquarks, glúons, etc, só será descoberto pelos cientistas daqui a alguns séculos.

Apesar da pressa de saber onde Helsey queria chegar, Marlon resolveu interromper:

— Entendo o que você está dizendo, a mente humana não consegue compreender a natureza da matéria sem a idéia da forma, daí a dificuldade de compreender até mesmo a Teoria da Relatividade.

— Exato! — exclamou Helsey. E continuou: 

— Dizer que o átomo é energia em movimento ainda está longe da realidade, pois ele existe em estado latente e não pode ser descrito como se possuísse uma forma material com qualidades absolutas.

‘Quando os cientistas deduziram que o número quântico n — que define a distância média do elétron ao núcleo atômico — é sempre um número inteiro, não levaram em consideração as variações do próprio núcleo do átomo. Esse número realmente seria sempre inteiro se o núcleo se mantivesse constante ou se o átomo possuísse apenas um ‘núcleo’.

‘Entender esse ponto lança por terra a base atual da física, pois prova que nem todos os orbitais com o mesmo valor de n estão no mesmo nível de energia.

Marlon ficou confuso com estas afirmações e como não conseguiu acompanhar o raciocínio de Helsey, pediu:

—Por favor, diga logo o que você descobriu.

— Sim, direi — replicou Helsey, não escondendo sua ansiedade. Vou resumir:

— O imenso vazio que existe no interior do átomo é a porta entre os muitos planos, pois as ondas eletromagnéticas estendem-se através do espaço em todos os sentidos.

‘Os blocos de partículas essenciais de todas as matérias existem num nível subquântico, e isso acontece com todas as forças físicas do universo, inclusive com a força da gravidade. Isso prova que a matéria possui particularidades múltiplas que faz com que ela se movimente entre dois ou mais planos.

— Sim, há uma teoria, ainda não comprovada, que diz que a força da gravidade pode influir em universos paralelos. Mas para mim não passa de uma teoria sem futuro, já que nunca foi e creio que jamais será possível provar sua veracidade.

— Pois acabo de provar uma coisa: é possível se movimentar entre dois planos da matéria!

Marlon não conseguiu esconder seu descrédito.

— Pode me dizer como?!

— Vou demonstrar dentro de alguns minutos.

Enquanto se preparava para realizar o experimento diante do amigo, Helsey continuou sua explanação:

— Descobri porque tal coisa é possível: A função metafísica de um objeto pode ser tanto de partícula quanto de onda. Assim, dependendo de como as vibrações acontecem, a matéria, ou parte dela, pode estar num ou noutro plano.

Marlon ouvia atentamente, mas estava começando a pensar que Helsey não estava bem da cabeça. Na verdade, ele já estava ponderando sobre conversar com um vizinho psiquiatra a respeito de seu amigo. Mas o entusiasmo de Helsey crescia em escala alarmante.

— Tudo começou com uma experiência com a força da gravidade. Você sabe que eu sempre acreditei que é possível anular a força de atração da Terra por meio de uma força de igual intensidade em sentido contrário. Trabalhei nisso em minhas horas vagas por muitos anos.

Marlon continuava duvidando que estivesse diante de algo realmente importante. Helsey continuou:

— Há cerca de uma semana eu consegui certo avanço, pois ao colocar esta esfera de metal um metro acima da base da máquina ela caiu numa velocidade mais lenta que o natural. Percebi então que estava no caminho certo.

Pela primeira vez Marlon pensou que poderia realmente estar acontecendo algo excepcional. Mas ainda se mantinha cauteloso.

— Isso é muito interessante, continue, estou curioso!

— Esta máquina é capaz de atuar sobre a gravidade e alterá-la numa escala de tempo de um nanossegundo…

— Um bilionésimo de segundo?! — admirou-se Marlon. — Então você está trabalhando com vibrações quase imperceptíveis, como conseguiu isso?

— Foram muitos anos de pesquisas e testes, mas hoje algo espantoso aconteceu. Eu consegui manter esta esfera parada no ar alterando a intensidade da força dirigida para cima. Consegui anular a atração da gravidade exatamente na aceleração de 9,3 metros por segundo ao quadrado, um pouco menos que a força da gravidade, que é de 9,8 metros por segundo ao quadrado.

Finalmente Marlon acordou para a realidade.

— Isso é magnífico e vai mudar todo o conceito da ciência, vai influenciar todos os seguimentos científicos, da construção civil às viagens espaciais!

— Sim, eu pensei de imediato nessas possibilidades, mas o mais espantoso ainda está por vir: Tentando alterar a intensidade dessa força, eu consegui fazer com que a bola metálica começasse a cair mais lentamente ou que se mantivesse no lugar em que eu a havia colocado. Mas não tinha conseguido fazê-la subir, por isso comecei a alterar a amplitude da força.

Helsey repetiu a experiência diante dos olhos admirados de Marlon.

— Só um instante, preciso me beliscar, acho que estou sonhando…

— Se você acha isso interessante, veja o que vem a seguir.

Helsey começou a mover lentamente o botão da máquina e de repente Marlon gritou:

— Isso não pode existir… eu não posso estar vendo isso…

Helsey não teve tempo de segurar seu amigo, ele literalmente caiu de costas.

Capítulo 3 em diante

Uma breve resumo dos primeiros acontecimentos:

Helsey é preso injustamente por causa de uma bobagem de Marlon, mas consegue fugir da prisão ao construir lá uma máquina semelhante à primeira. 

Só que ele precisa destruir a máquina para não ser seguido para o outro plano e assim fica preso, mas é salvo por Maladiel, que ao ver seu desespero foi até ele e o ajudou a voltar, mas antes fez muitas revelações importantes que abriram as portas para Helsey solucionar crimes na terra, como sequestros e assassinatos.

Os problemas de Helsey vão aumentando gradativamente, pois ao mesmo tempo que resolve crimes ele tem que fugir da polícia.

Como tudo acontece muito rapidamente, um fato após o outro em ritmo alucinante, cada parágrafo do livro prende a atenção do leitor, que não consegue parar de ler até terminar.

O livro tem tudo para se transformar em um filme de sucesso, portanto, cineastas e profissionais de cinema em geral, dêem uma lida nele e vejam se não dá para fazer um dos melhores filmes da atualidade.