Como Esquecer Uma Paixão – Sérgio Montiel Leal.
As dores emocionais não podem fazer nada contra nós quando aprendemos a dominá-las.
Este artigo tem a finalidade de ajudar aqueles que estão sofrendo de um mal que atinge praticamente toda a população mundial, pois em algum momento da vida todas as pessoas, em maior ou menor grau, passaram, estão passando ou passarão por isso.
Se ler com atenção, compreender e colocar em prática o que este artigo apresenta, não tenho dúvida de que em alguns dias o leitor poderá controlar e, finalmente, resolver definitivamente esse terrível problema em sua vida.
Posso afirmar que a simples leitura deste artigo, procurando entender e meditando sobre cada assunto aqui abordado, já é suficiente para se perceber uma sensível melhora.
E, ao praticar a técnica que apresento nos últimos capítulos, poderá vencer definitivamente este mal avassalador que o aflige há tanto tempo.
É importante frisar que estou prometendo aqui a resolução definitiva do problema dentro de você, em sua vida e em seu coração tão e somente se você realmente quiser isso.
Este artigo foi escrito para aqueles que desejam esquecer uma paixão doentia e até aqui não têm conseguido. Não pretendo, nesta obra, ajudar pessoas a conquistar o objeto de sua paixão.
Este não é o artigo certo para aquelas pessoas que apenas desejam conquistar alguém.
Aqueles que desejam continuar escravos de suas paixões e continuar lutando por alguém que não merece nem um instante de seu tempo ou de seu pensamento, estão lendo o artigo errado.
Existem milhares de obras literárias escritas com a finalidade de ajudar as pessoas a atrair e conquistar alguém, além de livros de simpatias, magia, etc., mas mão acho saudável fazer uso destas coisas.
Se o objeto da sua paixão só lhe faz mal e não merece o seu amor, o melhor é esquecer, vencer, superar, fazer com que faça parte do seu passado o quanto antes.
Mas isso não é tão fácil de conseguir e para muitos chega a ser praticamente impossível, por mais que queiram e desejem vencer.
É para tais pessoas que escrevo este artigo.
Tem uma música popular que diz: “…mas meu coração não se deixa enganar”.
Essa afirmação é verdadeira. Nenhum coração se deixa enganar com afirmações como:
“Eu não o amo mais”;
“Não sinto mais nada por esse mau caráter”;
“Ela não é a pessoa certa para mim, portanto vou esquecê-la”; etc.
Isso é fácil de provar:
Lembre-se de quando você sentiu uma dor física qualquer, dor de dente, dor de cabeça, cólica de rim, etc.
Apesar de todos os ensinamentos esotéricos que dizem que a nossa mente tem um poder e uma força descomunal, de que adiantaria dizer para si mesmo:
“Não está doendo…” ou “a dor passou, agora estou sentindo apenas uma sensação agradável e confortável…”
Se o leitor conseguir fazer isso e a dor realmente passar, não precisa deste artigo. Nunca conheci alguém que consegue realizar tal façanha, mas a maioria dos livros de autoajuda afirmam coisas assim.
O que é necessário fazer para a dor realmente passar?
A resposta é óbvia: resolver o problema que a está causando.
Não adianta tomar um analgésico qualquer se você não resolver a causa do problema. Quando o efeito do remédio passar a dor voltará.
Do mesmo modo, não adianta tentar enganar seu coração com afirmações desse tipo, você poderá até acreditar que está falando a verdade, mas quando a situação se apresentar, abrindo as portas para toda a sua carência e insegurança reinarem soberanamente em seu coração, a dor e a saudade em seu peito provará o quanto estava enganado.
Também não adianta tentar fugir do problema usando bebidas ou drogas; da mesma forma que os medicamentos para dor, o efeito logo passará e tudo voltará a ser como antes.
O que fazer então?
É o que veremos nas páginas seguintes.
Talvez alguns leitores se assustem um pouco com a afirmação que farei agora, mas toda a história da humanidade atesta sua veracidade:
Uma grande paixão é sempre uma grande doença!
Abandonar-se a uma grande paixão é abandonar-se a uma grande e perigosa doença.
Assim, não seria estranho ouvir alguém dizer:
“Fui vítima de uma paixão e estou tentando me restabelecer”, da mesma forma que poderíamos dizer que fomos vítimas de malária, tuberculose, ou qualquer outra doença.
Se analisarmos tudo que se fala a respeito do amor, entenderemos que ele nada tem a ver com a paixão.
Enquanto a paixão faz mal para todas as partes envolvidas, o amor só faz bem.
A paixão é irracional; o amor é moderado e inteligente.
A paixão quer prender e dominar; o amor dá liberdade.
A paixão é fonte de tristeza e doença; o amor é fonte de felicidade e saúde.
A paixão faz com que a vida perca o sentido, tudo que importa é alcançar seu objetivo; o amor dá novos e belos sentidos à vida.
E, se a vida não tem mais sentido, restam duas alternativas racionais:
Ou a pessoa consegue transformar sua paixão em amor ou procura curar sua doença estudando e usando as técnicas abordadas neste artigo.
É possível transformar a paixão em amor? — Poderia perguntaria alguém.
Sim, é possível, mas muito difícil e raro, principalmente quando se trata de estar apaixonado por pessoas de caráter duvidoso, de atitudes estranhas, grosseiras, agressivas e evasivas.
Vale aqui relembrar o objetivo desse artigo:
Vencer, superar, limpar, extirpar da sua vida de uma vez por todas uma violenta paixão que só lhe fez e continua fazendo mal.
No entanto, se for possível transformar sua paixão em amor, pode deixar de lado esta leitura, você não precisará dela!
A medicina aceita o fato de que as paixões reprimidas ou mal sucedidas adoecem as pessoas.
Mas a paixão já é uma doença por si mesma, ela não precisa de mais nada para adoecer a sua vítima.
No entanto, ela pode piorar e muito se em dado instante o doente conseguir ser correspondido, pois dessa forma a doença ficará dormindo silenciosamente na alma da pessoa e um dia poderá voltar a se manifestar de forma avassaladora.
O melhor que pode acontecer com relação a qualquer doença é alcançar a cura, e tal só é possível se a pessoa conseguir se livrar de sua escravidão psíquica.
Entendo que a medicina deveria tratar toda grande paixão como uma neurose grave. Todas as pessoas se apaixonam um dia, mas na maioria das vezes é coisa passageira, como uma gripe rápida, que não chega a virar pneumonia ou tuberculose.
Isso porque a paixão em estado avançado causa uma série de alterações no organismo, com o aumento ou diminuição de substâncias importantes para o equilíbrio, como adrenalina, serotonina e cortisol.
A palavra paixão representa um estado passivo; um ser humano ativo e de vontade forte é auto suficiente emocionalmente e sabe se deter diante desse perigo.
E por que eu digo perigo? Porque a paixão é cega e possessiva, é o que há de mais destrutivo na alma humana, é um enfeitiçamento voluntário, um sentimento de amor às avessas, pois todo apaixonado passa a odiar quando descobre que definitivamente não será correspondido.
Por isso, nenhum caso de paixão não curada tem final feliz, geralmente termina em ódio e mágoa, quando não chega a terminar em morte.
No século dezoito e até uma parte do século dezenove era moda adoecer e morrer de paixão não correspondida. Se a vítima não morria de alcoolismo ou drogas, apelava para o suicídio.
Por isso é possível comparar a paixão ao alcoolismo. O alcóolatra bebe, sabe que a bebida está lhe fazendo mal, mas não consegue parar, às vezes até para por certo período, mas qualquer contrariedade ou alegria exacerbada é suficiente para ele prosseguir em seu ciclo neurótico e destrutivo.
Apesar de algumas pessoas dizerem que é bom se apaixonar, a única coisa realmente boa é o amor, aquele amor que não pensa somente em si e que compreende e aceita se porventura não der certo.
A paixão é muito sofrida, cheia de inseguranças, ciúmes, sofrimentos e autodesvalorização.
É a vontade humana aniquilada pela carência e pelo desejo.
Então pergunto:
Vale a pena viver dessa forma ou é melhor se livrar o quanto antes desse terrível problema?
O que é uma paixão doentia? — Perguntaria um leitor.
E como é possível identificá-la? — Poderia perguntar também.
É o que vamos resolver a partir de agora.
Vimos anteriormente a diferença entre amor e paixão, então é muito simples fazer a identificação.
A paixão age somente com o coração, deixando de lado o elemento racional.
Quando se vive direcionado somente pelo coração, o resultado nem sempre é benéfico para as pessoas envolvidas.
Na verdade, quando se age apaixonadamente o resultado geralmente é catastrófico. Por que acontece isso?
Para entender precisamos saber mais sobre a natureza humana.
O ser humano possui três centros de ação básicos:
Quando Deus criou o homem, deixou-nos uma pista importante para nos conhecer melhor e saber como agir diante da vida.
A cabeça está mais no alto (intelecto), ela está acima do coração (sentimentos). Do mesmo modo, os sentimentos estão acima do centro instintivo.
Se deixarmos as emoções e instintos nos dominar, seremos vítimas de nós mesmos e o caos se estabelecerá em nossas vidas.
Com efeito, aumentar as forças de uma paixão doentia é diminuir a ação da inteligência e se abandonar ao caos.
Vou exemplificar:
Quem escolher um parceiro com base apenas na beleza física e em seus instintos sexuais, sem consultar seu coração, poderá cometer um grave erro em vários aspectos.
Além do fato de que a beleza não dura para sempre, é importante saber que uma pessoa muito atraente nem sempre desperta o verdadeiro amor, pois este se encontra muito acima dos instintos e depende de muitos outros fatores.
Da mesma forma, quem escolher seu parceiro com base apenas em seus sentimentos, sem ponderar no que essa pessoa é e qual seu papel na sociedade e na sua vida, também poderá cometer um grande erro.
Podemos deduzir, então, que os sentimentos e os instintos são muito importantes, mas devem estar sempre sob a supervisão soberana do intelecto, que deverá analisar todos os aspectos com equilíbrio e bom senso para não fazer besteiras.
Concluímos que a primeira maneira de saber se o que sentimos por alguém é amor ou paixão, está em verificar se apenas o que sentimos no coração é importante, sem se importar com todos os demais aspectos que envolvem a questão.
A segunda maneira de saber se o que sentimos por alguém é amor ou paixão, está na análise do fator egoísmo.
Se o seu interesse é apenas se satisfazer, sem se importar com o que a outra pessoa pensa e quer, seu sentimento não pode ser chamado de amor e sim de paixão.
Na primeira carta de Paulo aos Coríntios, ele fala a respeito do amor, dizendo, dentre outras coisas, que o amor é paciente, não tem inveja, não busca seus próprios interesses, não guarda rancor, tudo desculpa, tudo suporta…
Aí está a chave que não nos deixa ficar em dúvida quanto ao que sentimos.
Se buscamos apenas nossos próprios interesses, sem importar com os interesses da pessoa que pensamos amar, na verdade não é amor o que sentimos.
Isso acontece porque a paixão é extremamente egoísta.
Se o objeto de seus sentimentos, a “pessoa amada”, deve fazer tudo que você quer e se tal não ocorrer deverá ser castigado por todas as forças do universo, então sua paixão chegou às raias da loucura e do inaceitável.
Apesar de parecer tão comum, tenho visto no dia a dia que o amor verdadeiro é muito raro. O que normalmente se vê por aí é paixão, algumas vezes de modo inofensivo, mas muitas vezes em sua forma mais genuína e perigosa.
Nunca se esqueça:
Se você for sincero consigo mesmo e entender exatamente o que está acontecendo em sua vida e em seu coração, terá detectado e isolado o vírus. Esse é o primeiro passo.
Depois disso só restará extirpar esse mal da sua vida.
Esses são os quatro erros mais comuns quando se luta para esquecer alguém:
1º. erro:
Fingir que está bem quando não está
Como eu já falei, o coração jamais se deixa enganar. Admita que você vai sofrer, essa dor é sua e fugir dela não resolverá o seu problema.
Você precisa vencer e para vencer é necessário enfrentar. Um lutador não vence seu oponente fugindo dele.
Mais adiante direi como é possível controlar essa dor. Não basta estalar o dedo e vê-la desaparecer como num passe de mágica.
Mas a boa notícia é que em muito pouco tempo ela irá desaparecer para sempre.
2º. erro:
Procurar saber da pessoa
A sua intenção é esquecer alguém que lhe faz sofrer?
Se a resposta é sim, como você espera esquecer a pessoa procurando saber coisas a respeito dela?
Esquecer significa justamente o que a palavra quer dizer: ESQUECER.
Para realmente esquecer não se deve mais procurar a pessoa, nem procurar saber nada sobre ela, seja em sites de relacionamentos ou por meio de amigos em comum.
Qualquer passo que você der na direção dessa pessoa não lhe deixará esquecê-la.
Portanto, corte definitivamente o contato, só assim tal pessoa deixará de fazer parte da sua vida.
3º. erro:
Procurar alguém para ajudá-lo a esquecer
Não deveria ser necessário dizer isso, mas infelizmente acontece o tempo todo. As pessoas pensam que conseguirão esquecer uma pessoa substituindo-a por outra.
O simples fato de tentar esquecer uma pessoa substituindo-a por outra, fará com seu subconsciente dê uma importância exagerada a quem está sendo substituído.
Ficar um tempo sozinho poderá ser muito benéfico a quem está tentando esquecer alguém, pois assim poderá vencer com as próprias forças.
Se você precisar da ajuda de alguém para superar as suas amarguras, ficará com a impressão de que jamais poderá caminhar sem uma muleta a tiracolo.
Por isso é importante deixar o novo relacionamento acontecer naturalmente, de preferência depois de passar um certo tempo sozinho, tempo esse importante para se recuperar bem de tudo que passou, meditar sobre sua vida e fazer planos para o futuro.
Mas, por favor, não me entendam mal, é claro que a ajuda, carinho e atenção de amigos e parentes é muito bem-vinda sempre.
4º. Erro:
Alimentar esperança
De nada adiantará você tentar esquecer uma pessoa, se em seu íntimo você esperar que ela venha a sentir sua falta e procurá-lo.
Ou que ela venha a descobrir o quanto você é importante na vida dela e quanta falta lhe tem feito.
Ou, ainda, esperando que ela mude suas atitudes ao perceber que poderá perdê-lo para sempre.
Direcione sua vida para longe de quem você deseja esquecer. Se não fizer isso estará no caminho errado, um caminho escorregadio cujo fim é o poço do fracasso.
Nunca é demais repetir:
Esquecer significa exatamente o que essa palavra quer dizer:
E S Q U E CE R !
Esses passos o ajudarão na complicada tarefa de esquecer alguém:
I – Aceite o fim
Sei que não é fácil, mas se quiser esquecer alguém terá que aceitar que acabou. Sem dar esse importante passo você não poderá chegar a lugar nenhum.
Aceitar que acabou não fará com que a dor passe imediatamente, mas é um passo imprescindível para que você possa alcançar a vitória.
Já diziam os antigos que não se chega a lugar nenhum sem dar o primeiro passo.
Se o primeiro passo, nesse caso, é decidir que deseja esquecer uma paixão nociva em sua vida, o segundo é aceitar de uma vez por todas que ACABOU.
Este artigo não será prático em sua vida se você não der esses passos necessários para chegar à vitória.
II – Invista seu tempo em coisas novas
Assim que aceitar que acabou, comece a planejar sua nova vida bem longe daquele inferno astral em que se encontrava.
Você poderá fazer o que quiser, eu poderia dar dezenas de sugestões, mas cada qual sabe o que gosta de fazer na vida.
Cursos, viagens, clubes, esportes, jogos, comunidades na Internet…
Visitar antigos amigos e parentes, conhecer novos lugares, pescar, construir ou reformar uma casa…
É muito bom começar algo novo ou continuar algo que havia deixado de lado há muito tempo.
Pode-se fazer qualquer coisa, desde que bem longe de quem pretende esquecer.
III – Mude seu repertório musical
As músicas têm uma importância fundamental em nosso centro anímico. Elas afloram nossos sentimentos e emoções e nos levam a viajar, voar, sonhar…
Ocorre que determinadas músicas nos levam a pensar justamente naquela pessoa que estamos querendo esquecer.
As conhecidas “músicas de corno” devem ser excluídas da sua vida, pelo menos enquanto está lutando para esquecer alguém.
Depois que vencer essa guerra você poderá voltar a ouvi-las, porque a partir de então elas já não terão o mesmo sentido e valor em seu subconsciente.
IV – Esteja pronto para dizer NÃO
Pode acontecer que justamente quando você estiver muito bem encaminhado e propenso a alcançar a tão almejada vitória, a pessoa em questão venha até você com palavras dóceis de recomeço.
Antes de aceitar, pense em tudo que você passou até aqui. Saiba que ninguém muda da noite para o dia e que em breve tudo voltará a ser como antes.
Pese a situação racionalmente. Não deixe seu coração falar mais alto, lembre-se de tudo que você sofreu.
Pergunte-se:
Vale a pena voltar para o inferno?
Mas se não conseguir e voltar a se entregar à sua antiga paixão, por favor, guarde muito bem este artigo, pois muito em breve você voltará a precisar dele.
Aqui se inicia a parte mais importante desse artigo. Devo dizer que a técnica aqui abordada me ajudou a vencer os momentos mais difíceis pelos quais passei.
Descobri o poder que tem esse método para vencer os sentimentos mais dolorosos. Foi a descoberta dessa técnica que me levou a escrever este artigo.
Em primeiro lugar eu percebi que não devemos fugir da dor. Ninguém é tão rápido que ela não possa alcançá-lo.
A dor caminha na velocidade da luz e nós somos apenas lentos mortais e não possuímos nem uma nave espacial.
Então, se não podemos fugir da dor, o melhor a fazer é enfrentá-la.
Ao mesmo tempo, devemos nos afastar da utopia de que poderemos enfrentar a dor e vencê-la de pronto, da mesma forma que um guerreiro muito bem armado pode derrotar seu inimigo.
O que fazer então? Não podemos fugir da dor e também não podemos vencê-la num confronto direto.
Mas há algo que poderemos fazer: Senti-la!
— Sentir a dor é tudo que tenho feito na vida — diria um leitor mais afoito.
Pergunto: Mas de que maneira você a sentiu?
Não preciso esperar pela resposta, pois sei muito bem como foi que a sentiu:
Em primeiro lugar você sentiu a dor sem saber exatamente o que estava sentindo e desejando ardentemente fugir dela.
Você sentiu a dor ao mesmo tempo que procurava satisfazer sua paixão, seus sentimentos e instintos. E, ainda, você sentiu a dor se desesperando, xingando, amaldiçoando a vida e o universo e desejando morrer.
De nada adianta sentir a dor dessa forma. Você deve senti-la de modo que possa controlá-la.
Este é o nosso próximo passo.
— Falar em controlar a dor nos remete àquelas técnicas usadas pelos faquires da Índia — poderia afirmar um leitor afoito.
Não acredito que isso tenha algo a ver com a técnica dos faquires, na verdade nem imagino como eles conseguem fazer aquelas coisas com seus corpos.
Estou interessado em controlar uma dor emocional, que se instala em nossas emoções e pode nos levar a fazer loucuras.
A minha descoberta mais importante é que essa dor é facilmente controlável quando a detectamos e compreendemos.
O melhor momento de realizar esta experiência é quando você estiver realmente mal, a ponto de não saber o que fazer da vida.
Naquele dia em que a dor e o desespero estiverem castigando impiedosamente a sua alma, pare um minuto e procure entender o que você realmente está sentindo.
Esqueça tudo que se passa à sua volta e concentre-se em seu peito, onde está seu coração. É aí que a dor começa e é aí que ela deve terminar.
Se for possível, fique um instante a sós, no seu quarto, no seu carro, em qualquer lugar.
Dedique pelo menos dez minutos do seu tempo para sentir a sua dor, esse tempo não será perdido.
Concentre-se em seu peito, não pense no resto do corpo.
Se não estiver conseguindo se concentrar não desista. No começo pode ser difícil, principalmente se você não está bem.
Mas é preciso lutar, sem luta não há vitória.
E para alcançar a vitória nessa luta você precisa entender a sua dor. Portanto, concentre-se nela.
Sinta o que se passa em seu peito.
Continue se concentrando, todas as pessoas podem fazê-lo se quiserem, basta querer, é o mesmo que se concentrar em outra coisa qualquer.
Assim que você conseguir se concentrar, começará a entender o que realmente está sentindo. Mas não pare, continue se concentrando.
Chegará um momento em que seu cérebro começará a dominar sua dor e ficará de posse dela.
Aí está o segredo.
Quando você perceber exatamente o que está sentindo, terá detectado a sua dor, o que corresponde a isolar o vírus.
A partir de então ela estará sob seu controle.
Assim que você tiver a dor sob seu controle, a primeira coisa que perceberá é que ela estava lhe enganando.
Você estava sendo enganado, pois seu centro anímico “pensava” que se tratava de uma dor extremamente forte, terrível, apavorante e destrutiva.
Mas agora você a tem “em suas mãos” e acabou de descobrir exatamente o que ela é.
Ela realmente incomoda, não é nada agradável… Mas não é para tanto!
Trata-se de uma dor, logo causa desconforto, mas assim, desnuda e sob seu controle, não é pior que qualquer dor física presente em nosso dia a dia.
Em dado momento você poderá exclamar:
— Por causa “disso” eu estava sofrendo e me desesperando?!
Sim, era o que estava acontecendo!
Por causa dessa dor, agora desnudada diante de seus sentidos, você estava sofrendo tanto.
É uma dor que nos engana, fazendo-nos pensar que estamos diante de algo misterioso, apavorante e assombroso, que poderia nos leva à loucura.
Nessa hora você pode se precipitar e dizer:
— Se é só isso eu posso vencer facilmente essa dor!
Sim, eu sei que pode. Mas tenha prudência, dores emocionais são ardilosas e a sua vai tentar enganá-lo, ela não vai aceitar ser derrotada sem lutar com todas as suas forças.
Mesmo agora que você a tem desvendada e aparentemente controlada, é preciso tomar cuidado com ela.
A melhor maneira de vencê-la é não desdenhando dela, dor é sempre dor e precisa ser vencida de algum modo, por isso é bom não lhe dar uma importância maior nem menor do que na verdade ela tem.
Tendo a dor em suas mãos você compreenderá que não vale a pena fazer nenhuma loucura para se livrar dela.
E, dando-lhe importância na medida certa, ela deverá diminuir gradativamente até desaparecer por completo.
Chegou o momento de se preparar para a tão almejada vitória final.
Tendo a dor “em suas mãos”, completamente dominada por seu cérebro, que a tirou das profundezas do seu coração e expôs ao mundo toda a sua pusilanimidade e fealdade, você está a um passo de vencê-la definitivamente.
Exposta dessa forma, a dor está sob seu controle e poderá ser completamente vencida em pouco tempo.
Você perceberá que não está diante de um “bicho de sete cabeças”, e sim diante de algo muito comum na natureza humana, algo que faz parte da nossa alma e que enganou a humanidade por milhares de anos.
Quanta gente morreu prematuramente porque não conseguiu suportar o desespero causado por ela.
Quantos mataram e morreram em nome de uma paixão doentia, que poderia ser vencida se em dado momento fosse possível vislumbrar a possibilidade de mudar o destino e passar da condição de escravo para a de senhor de seus pensamentos e sentimentos.
Agora você sabe exatamente o que é essa dor.
Você sabe a sua intensidade, suas nuances, suas ciladas, sua arte de enganar as pessoas, seu poder de se fazer parecer a maior e mais terrível das dores.
Assim que a tiver em “suas mãos”, a dor tenderá a diminuir, diminuir, diminuir…
Se for preciso repita essa técnica algumas vezes. Duas ou três vezes deve ser suficiente, mas se for necessário repita mais vezes.
Não estamos diante de um passe de mágica, mas no fundo é o que parece ser.
Quando você notar que a dor desapareceu completamente, vai realmente achar que foi um passe de mágica.
A dor emocional que sentimos se comporta como um ser vivo independente. Agora que ela foi descoberta e repreendida, ela se viu exposta e se intimidou.
Depois disso ela vai perdendo a força, vai perdendo o sentido, até que não terá mais poder sobre você.
Se você chegou nesse ponto da leitura colocando-a em prática em sua vida, devo parabenizá-lo, pois está pronto para um saudável recomeço.
Vamos resumir sua trajetória até aqui:
Em primeiro lugar, você detectou o problema e percebeu que o que sentia era uma paixão doentia e não amor.
Uma paixão que lhe fez sofrer por muito tempo, talvez anos.
Desejou de todo o coração esquecer essa paixão e extirpá-la definitivamente da sua vida.
Esse ponto é muito importante, pois não se chega a lugar algum sem primeiro desejar ir até lá.
Em dado instante você resolveu pôr um fim nesse sofrimento. Decidiu dentro de si mesmo que acabou e se afastou do objeto da sua paixão.
Não quis saber mais nada a seu respeito, não o procurou na Internet, nem perguntou dele para os amigos em comum.
Mas isso não fez com que a dor desaparecesse completamente e você precisou entender que dor é essa.
Concentrando-se, pode senti-la claramente, conseguiu detectá-la com exatidão, e assim fez com que ela ficasse exposta, feia, enganadora, decrépita…
Percebeu então que, como num passe de mágica, a dor começou a diminuir. Em poucos dias não estava mais sofrendo, aquela dor terrível e angustiante desapareceu da sua vida.
Em alguns momentos a sua antiga dor tentou lhe enganar e o fez pensar que ela estava ali novamente, viva, forte, aterrorizante…
Mas como você já a conhecia em todas as suas nuances, sabia bem o que ela poderia fazer contra você.
E, como já falei, ela não pode fazer grandes estragos, a menos que a pessoa não a compreenda e tenha medo dela.
Na verdade, as dores emocionais não podem fazer grandes coisas contra nós, a não ser que nos desesperemos a ponto de fazer qualquer loucura.
Mas você não precisou fazer loucura alguma, e agora se sente bem, agora pode se sentir vitorioso, pois detectou, controlou, minimizou e, finalmente, extirpou esse mal da sua vida.
Espero que este e-book tenha lhe ajudado, na verdade se pelo menos uma pessoa vier a se beneficiar destas palavras, a dor causada pelas paixões doentias já terá diminuído no mundo.